O filme que mudou Hollywood
O cinema nunca mais foi o mesmo desde que “Tubarão” estreou, em 20 de junho de 1975. O suspense dirigido por Steven Spielberg revolucionou a indústria, criou o conceito de “filme de verão” em Hollywood e fez as filas dobrarem quarteirões, abrindo caminho para a era dos blockbusters modernos, ao mesmo tempo em que mudando para sempre a relação do público com os mares e seus predadores.
Uma aventura repleta de desafios
Spielberg, então um jovem diretor iniciante, escolheu Martha’s Vineyard como locação para “Tubarão” porque queria que seu tubarão mecânico fosse filmado em águas reais. A cidade também foi palco da première mundial do documentário sobre o filme, “Tubarão aos 50: A História Definitiva”, da National Geographic. O cineasta participou do evento realizado nesta sexta-feira (20/6), onde descreveu as filmagens do clássico como uma aventura repleta de desastres.
Segundo o diretor, o documentário “mostra o quanto todos nós éramos jovens e despreparados para os desafios de filmar no Oceano Atlântico com um tubarão mecânico que era mais temperamental do que qualquer estrela de cinema com quem já trabalhei desde então, e como, após estourar o cronograma e o orçamento, eu realmente acreditei que ‘Tubarão’ seria o último filme que eu teria a chance de dirigir”. O filme dirigido por Laurent Bouzereau detalha o caos da produção.
Quais dificuldades marcaram as filmagens?
Por semanas, o elenco e a equipe de “Tubarão” ouviram “O tubarão não está funcionando” repetidamente, enquanto filmavam as cenas da batalha climática do filme. Essa mensagem familiar aterrorizava Steven Spielberg, então com 27 anos e com apenas um longa-metragem em seu currículo. Se um dos três grandes tubarões animatrônicos quebrasse, poderia significar mais um dia perdido. Todos os contratempos deixaram o filme mais de 100 dias atrasado em relação ao cronograma e dobraram seu orçamento para US$ 8 milhões.
O jovem cineasta, que havia recebido a missão de transformar o best-seller de Peter Benchley sobre um tubarão gigante assassino em um evento cinematográfico, temia ser demitido. E tudo que podia dar errado, deu.
Filmar em Martha’s Vineyard foi ideia de Spielberg. Ele achou que fazer “Tubarão” em mar aberto daria autenticidade ao filme. Mas acabou sendo uma provação agonizante. Barcos de turistas entravam nas tomadas; as ondas e o clima eram imprevisíveis, então manter a continuidade era quase impossível; e todos ficavam enjoados. Quando não estavam vomitando pela lateral do barco, os atores frequentemente brigavam, com o veterano Robert Shaw, intérprete do pescador Quint, que frequentemente humilhava Richard Dreyfuss, o jovem ator escalado como Hooper, um oceanógrafo arrogante. Todo o empreendimento parecia fadado ao fracasso.
O nascimento de uma era de fenômenos
As filmagens cheias de desastres de “Tubarão” arrancaram gritos e impactaram os cinemas do mundo inteiro em 1975. Apesar de sua criação caótica, “Tubarão” se tornou o filme de maior bilheteria da história até então, arrecadando impressionantes US$ 260,7 milhões em seu lançamento inicial.
Meio século depois, Hollywood ainda existe no cenário de entretenimento que “Tubarão” criou. Seu sucesso descomunal fez os estúdios perceberem que, se embalassem e promovesse filmes corretamente, eles não seriam apenas sucessos – poderiam se tornar fenômenos, vendendo camisetas e brinquedos junto com ingressos. “Tubarão” estabeleceu o modelo para “Star Wars”, “Jurassic Park”, “Os Vingadores” e outros sucessos que vieram em seguida.
O orgulho de Spielberg, 50 anos depois
“Cinquenta anos após seu lançamento inicial, ter feito ‘Tubarão’ continua sendo uma experiência fundamental para cada um de nós, e cinco décadas não apagaram as memórias do que ainda é uma das experiências mais impressionantes, emocionantes, aterrorizantes e recompensadoras de toda a minha carreira”, destacou Spielberg na estreia do documentário.
“Tubarão aos 50: A História Definitiva” será lançado em 10 de julho na Disney+.