Compositor de trilhas marcantes da TV americana
Mark Snow, compositor responsável por transformar o tema da série “Arquivo X” (The X-Files) em um sucesso musical global nos anos 1990, morreu na sexta-feira (5/7) em sua casa em Connecticut, EUA, aos 78 anos. A informação foi confirmada por amigos e colegas de profissão, incluindo o também compositor Sean Callery, que destacou sua generosidade e impacto duradouro na música para televisão. A causa da morte não foi divulgada.
Snow recebeu 15 indicações ao Emmy por seu trabalho em televisão, sendo seis apenas por “Arquivo X”, série criada por Chris Carter e estrelada por David Duchovny e Gillian Anderson. Ele também compôs a música dos dois filmes derivados da produção, lançados em 1998 e 2008.
Do conservatório às trilhas de TV
Nascido Martin Fulterman no Brooklyn em 26 de agosto de 1946, Snow começou a estudar piano aos 10 anos e mais tarde aprendeu oboé e bateria. Estudou na High School of Music and Art, em Nova York, e ingressou na Juilliard School, onde se formou ao lado de Michael Kamen, com quem fundou o New York Rock & Roll Ensemble. O grupo chegou a se apresentar sob a regência de Leonard Bernstein nos “Concertos para Jovens”.
Nos anos 1970, mudou-se para Los Angeles, onde o cunhado, o ator Georg Stanford Brown, o ajudou a conseguir sua primeira oportunidade na televisão, compondo para “Os Novatos” (The Rookies). A partir daí, adotou o pseudônimo Mark Snow e se tornou um dos compositores mais prolíficos da indústria, assinando trilhas de produções clássicas como o telefilme “O Rapaz da Bolha de Plástico”, que projetou o jovem John Travolta no papel-título, e séries como “Justiça em Dobro” (Starsky & Hutch), “Cagney & Lacey”, “O Barco do Amor” (The Love Boat), “Casal 20” (Hart to Hart), “Carro Comando” (T.J. Hooker) , “Vega$”, “Dinastia” (Dynasty), “Falcon Crest” e “Justiça Final” (Dark Justice).
Inovador do som eletrônico na televisão
Inicialmente adepto das trilhas orquestradas, Snow foi um dos primeiros compositores a transitar para os sintetizadores nos anos 1980. A trilha de “Arquivo X”, criada inteiramente em estúdio com equipamentos eletrônicos em 1993, virou um marco. Três anos depois, a música-tema ganhou uma versão estendida para o lançamento da trilha oficial da série e se tornou um hit inesperado na Europa, entrando no Top 10 de países como Inglaterra, França e Irlanda.
Além de “Arquivo X”, Snow compôs para outras séries de Chris Carter, como “Millennium”, “The Lone Gunmen” e “Harsh Realm”, além de sucessos mais recentes como “Smallville”, “La Femme Nikita”, “Ghost Whisperer”, “Lances da Vida” (One Three Hill), “Mulher-Gato” (Birds of Prey), “O Guardião” (The Guardian), “Bull”, a nova versão de “Além da Imaginação” (The Twilight Zone) e “Blue Bloods”, série encerrada no ano passado, que marcou seu último trabalho.
Reconhecimento e legado
Além das 15 indicações ao Emmy, Snow recebeu o Golden Note Award da ASCAP em 2005 e o Career Achievement Award da Academia de Televisão em 2014. Ele também foi indicado ao César, principal prêmio do cinema francês, pela trilha de “Medos Privados em Lugares Públicos” (2006), dirigido por Alain Resnais.
Entre outros trabalhos em cinema estão mais duas parcerias com Resnais, “Vocês Ainda Não Viram Nada!” (2012) e “Amar, Beber e Cantar” (2014), além de “Loucos do Alabama” (1999), estreia de Antonio Banderas na direção, e “Os Novos Mutantes”, adaptação dos quadrinhos da Marvel.
Ele também compôs para dezenas de telefilmes de grande audiência nos EUA, deixando um legado que se estende por mais de cinco décadas de produção musical, com obras que atravessaram gerações de espectadores da televisão americana.