Sucesso de audiência e impacto crítico
A produção britânica “Adolescência” se tornou a série mais assistida da Netflix na semana de 10 a 16 de março, acumulando 24,3 milhões de visualizações apenas nos primeiros quatro dias de exibição. O drama criminal, que acompanha a família de um adolescente acusado de assassinato, também impressionou a crítica, atingindo 98% de aprovação na média do Rotten Tomatoes.
O jornal The Times classificou a série como “perfeição completa”, enquanto o The Guardian a descreveu como “a coisa mais próxima da perfeição televisiva em décadas”. O jornal The Telegraph classificou a série como “devastadora” e elogiou especialmente a atuação do menino Owen Cooper. “Ele transita entre vulnerabilidade, raiva, bravata e medo. O que ele faz aqui é impressionante.” Já a Rolling Stone a descreveu como “uma das melhores produções televisivas do ano”.
A produção também foi exaltada pelo The New York Times, que destacou o episódio três como “uma das horas mais fascinantes de TV dos últimos tempos”. Entre os espectadores, o diretor Paul Feig (“Um Pequeno Favor”) afirmou que o primeiro episódio foi “uma das melhores horas de televisão que já vi”.
Técnica inovadora e aclamação
Todos os episódios foram filmados em plano contínuo – isto é, numa única tomada sem cortes aparentes – , o que chamou a atenção da crítica. O Guardian destacou que “os feitos técnicos são igualados por atuações dignas de prêmios e um roteiro que consegue ser profundamente realista e evocativo ao mesmo tempo”.
Enredo, elenco e criadores
A trama acompanha as consequências do assassinato de uma adolescente, com a prisão de Jamie, um garoto de 13 anos da mesma escola, como principal suspeito. A narrativa explora o impacto dos incels e influenciadores carismáticos da extrema direita nas redes sociais e como isso impulsiona o crescimento da misoginia, especialmente entre meninos. Mas o verdadeiro drama da história é mostrar o quão pouco controle os pais têm sobre o que os filhos fazem no celular.
Owen Cooper interpreta o jovem acusado, enquanto Stephen Graham (“Peaky Blinders”) vive o pai do protagonista. O elenco também traz Ashley Walters (“Top Boy”) como o Detetive Inspetor Luke Bascombe, responsável pela investigação, e Erin Doherty (“The Crown”) interpretando a psicóloga clínica Briony Ariston, designada para o caso de Jamie. Por sinal, os três adultos também estão juntos na nova série “Mil Golpes” na Disney+.
Criada por Jack Thorne (“His Dark Materials”) e o próprio Stephen Graham, a minissérie tem direção de Philip Barantini, que trabalhou com Graham no filme “O Chef” (2021), igualmente filmado em plano-sequência.
A visão dos criadores
Graham revelou que se inspirou em casos reais para desenvolver na produção. “Eu só pensei: o que está acontecendo na sociedade para que isso se torne algo recorrente?”, declarou ao The One Show, da BBC. “Eu simplesmente não conseguia entender. Então quis olhar de perto e tentar jogar luz sobre isso.”
O roteirista Jack Thorne afirmou que a série busca explorar a questão da violência masculina. “Queríamos encarar de frente a fúria masculina”, disse ao programa Front Row, da Radio 4. Ele explicou que o protagonista foi “doutrinado por vozes como a do [influenciador misógino] Andrew Tate e vozes muito mais perigosas do que a dele”.
A atriz Erin Doherty (“The Crown”), que interpreta uma psicóloga infantil na trama, ressaltou a importância do debate levantado pelo drama. “Esta série tem a coragem de remover as camadas e dizer: vamos falar sobre isso, porque ainda lidamos com esse problema atualmente”, declarou à BBC Radio 4. “Tudo o que podemos fazer é nos responsabilizar por iniciar essa conversa.”