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Em Crônica De Uma Relação Passageira, Charlotte (Sandrine Kiberlain), uma mãe solo de espírito livre, conhece Simon (Vincent Macaigne), um homem casado e neurótico, em uma festa e acabam se beijando. Algum tempo depois, se reencontram em um bar, onde confessam que ambos procuram por um relacionamento sexual que também venha repleto de conversa, companheirismo e visitas a museus. Mas precisa vir sem laços, sem pressão e sem expectativa de que dure. Charlotte já sabe tudo sobre a esposa e os dois filhos de Simon e está bem com o papel de amante.
O longa de Emmanuel Mouret não foca na ética dos casos extraconjugais, mas em mostrar o desenvolvimento de um relacionamento e se desenrola como um álbum de recortes dos vários encontros da dupla ao longo de um período de vários meses. O filme reconta cronologicamente os encontros de Charlotte e Simon, mas não vemos praticamente nada sobre suas vidas fora do caso. Uma estratégia que pode fazer com que o público se abstenha de fazer julgamentos e foque exclusivamente nas minúcias desse romance.
Charlotte e Simon se dão bem, eles gostam da companhia um do outro a ponto de o ato sexual físico se tornar opcional. No entanto, ambos são conscientes o suficiente para tentar não fazer nada irracional para estragar seu tempo aparentemente perfeito juntos – isso não quer dizer que consigam todo o tempo. Simon até tenta testar os sentimentos de Charlotte por ele, no entanto, ela é muito esperta para cair nessa armadilha e muito despreocupada para se estabelecer com um novo homem em sua vida. Eles não tem grandes brigas e as pequenas não os impedem de continuar se encontrando frequentemente. Apesar de ser um caso que eles desejam que seja breve, o tempo vai passando e eles continuam juntos.
Além de trazer essas mudanças em relação ao que tradicionalmente vemos no gênero, o longa também aborda um assunto que não é frequentemente mostrado nas comédias românticas, a insegurança masculina. Simon até lembra os personagens característicos de Woody Allen, pois é nervoso, sensível e cheio de fraquezas – um contrate com Charlotte, que vive sua vida muito livremente. Ele é inseguro com seu desempenho sexual, tem medo de dizer a coisa errada ou de fazer a coisa errada e acabar afastando a mulher que tem feito tão bem à ele.
Nossa atenção está nas várias situações e condições morais, tanto cômicas quanto sinceras, que o casal enfrenta durante seus encontros relativamente breves, que gradualmente evoluem de um vínculo meramente sexual para um vínculo emocional mais complicado. Charlotte acredita que “a paixão leva ao caos e à destruição” e de certa forma, sempre existe algo, uma espécie de tensão permanente, que impede com que o casal viva esse romance plenamente, apesar do contato constante. Mas, “as coisas são mais bonitas, mais intensas, quando sabemos que nunca mais as veremos” e é preciso aproveitá-las enquanto temos chance, afinal as coisas mais significativas da vida acontecem no meio do caminho.
Apesar de todo o seu charme e do espetáculo das atuações de Sandrine Kiberlain e Vincent Macaigne como duas pessoas analisando seu caso, Crônica De Uma Relação Passageira começa a se arrastar um pouco antes do meio do filme. Até que chega a reviravolta na trama, que envolve o encontro de Simon e Charlotte com Louise (Georgia Scalliet). Ela é uma mulher que conheceram em um site de relacionamentos e que topou participar de um ménage à trois com os amantes. Então, a comédia dá lugar ao drama. O encontro dá uma guinada nos relacionamentos entre todos eles, tudo muda e somos levados a um final agridoce, mas muito sincero.
Crônica De Uma Relação Passageira estreia exclusivamente nos cinemas brasileiros no dia 19 de dezembro, com distribuição da Mares Filmes.
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