Produzida pela Rede Tupi e exibida entre 1º de maio e 28 de outubro de 1978, “Roda de Fogo” é uma verdadeira joia esquecida na história das telenovelas brasileiras. Baseada na obra “Rei Lear”, de William Shakespeare, a novela trouxe uma narrativa intensa sobre poder, traição, e as complexidades de uma disputa familiar pelo controle de um império jornalístico. Se você é fã de drama, reviravoltas e, claro, de uma boa dose de tragédia shakespeariana, prepare-se para uma viagem ao passado que vai fazer você repensar as novelas clássicas.
Sinopse
A história gira em torno de Lear (Oswaldo Loureiro), um magnata do jornalismo paulistano, egoísta e ambicioso, que está se afastando do controle de seu império devido à saúde debilitada. Ele resolve, então, dividir a herança entre suas três filhas: Giovana, Jane e Délia. O que parecia ser uma sucessão tranquila logo se transforma em uma verdadeira batalha pelo poder. Giovana, a mais velha, casada por conveniência com Albano, tem uma filha ao invés de um herdeiro homem, o que frustra ainda mais o pai. Jane, a segunda filha, é uma mulher mesquinha e vaidosa, enquanto Délia, a caçula e jornalista como o pai, enfrenta conflitos ideológicos com ele por ter uma visão progressista do jornalismo.
O enredo principal é centrado nesse conflito de gerações e valores, mas uma reviravolta dramática muda tudo: o assassinato de Lear e Giovana deixa a família em choque e abre um leque de segredos e intrigas. A partir daí, a novela mergulha em um thriller policial cheio de suspense, com o mistério em torno das mortes se tornando o novo motor da trama.
Enredo
Nos primeiros capítulos, vemos Lear à frente de seu império jornalístico, onde ele reina absoluto. O magnata está preocupado com a sucessão e não confia plenamente em nenhuma de suas filhas. Giovana (Eva Wilma), a mais velha, é vista como uma mulher fria e calculista, e seu casamento com Albano (Othon Bastos) é apenas uma aliança estratégica para manter o poder dentro da família. Lear fica decepcionado por ela não ter lhe dado um neto homem, o que só aumenta sua amargura.
Jane (Maria Estela), a segunda filha, não parece interessada em negócios. Casada com Joel (Geraldo Del Rey), ela vive uma vida fútil e superficial. É Délia (Kate Hansen), a caçula, quem traz esperança a Lear. Juntamente com Jacques (Cláudio Marzo), o braço direito de Lear no jornal, ela representa uma nova visão para o futuro da empresa. No entanto, Délia é uma mulher moderna e progressista, o que a coloca em constante confronto com o conservadorismo do pai.
A trama ganha um novo fôlego com a introdução de personagens como o advogado Dr. Gaspar (Sadi Cabral) e seus filhos, Edmundo (Fúlvio Stefanini) e Eduardo (Rolando Boldrin), todos interessados em conquistar sua fatia de poder. A tensão aumenta até que um crime choca a todos: Lear e Giovana são assassinados. A partir deste ponto, o foco da novela se transforma completamente, e os elementos de mistério e investigação passam a dominar a narrativa.
Elenco
O drama, baseado em Rei Lear de Shakespeare, reuniu um elenco impressionante, com grandes nomes da televisão brasileira.
- Oswaldo Loureiro – Lear
O patriarca egoísta e ambicioso, dono do império jornalístico, que acaba sendo assassinado, gerando o grande mistério da novela. - Eva Wilma – Gio (Giovana)
A filha mais velha de Lear, casada com Albano, e vítima do mesmo destino trágico de seu pai. - Othon Bastos – Albano
O genro de Lear, casado com Gio, que se vê no meio das disputas familiares pelo poder. - Kate Hansen – Délia
A filha mais nova de Lear e sua maior esperança, por ter seguido sua carreira no jornalismo, mas com ideias progressistas que entram em conflito com o conservadorismo do pai. - Cláudio Marzo – Jacques
Um personagem central na trama e nas intrigas do jornal, em meio à luta pelo poder após a morte de Lear. - Maria Estela – Jane
A segunda filha de Lear, casada com Joel, mesquinha e frívola, que almeja uma parte do império. - Geraldo Del Rey – Noel
Outro personagem envolvido nas tramas políticas e familiares que cercam a sucessão do jornal. - Fúlvio Stefanini – Edmundo
Filho do advogado Dr. Gaspar, que também tem suas ambições no mundo do jornalismo. - Rolando Boldrin – Eduardo
Irmão de Edmundo, mais um que almeja seu lugar no império deixado por Lear. - Sadi Cabral – Dr. Gaspar
O advogado de confiança de Lear, figura chave nos momentos de transição do poder. - Liana Duval – Rosa
Personagem que traz dinamismo às intrigas que circundam o império de Lear. - Renato Borghi – Bogo
Outro participante dos eventos dramáticos, envolvido na disputa familiar. - Francisco Milani – Dr. Bento
Médico envolvido nos mistérios da trama. - Serafim Gonzalez – Barbosa
Personagem de relevância no desenvolvimento dos mistérios da novela. - Sílvio Rocha – Esteves
Mais um membro do elenco que contribui para os rumos da história. - Riva Nimitz – Consuelo
Um nome que compõe o núcleo dramático da trama. - Beth Goulart – Paula
Jovem atriz que se destacou em Roda de Fogo, mas foi posteriormente transferida para O Direito de Nascer. - Indianara Gomes – Catarina
Outro importante nome jovem do elenco. - Cristina Mullins – Luísa
Figura importante nas intrigas internas da novela. - Annamaria Dias – Sofia
Com uma participação envolvente, Annamaria contribuiu para o desenvolvimento de subtramas cruciais. - Fernando Souza – Borges
Mais um nome que trouxe profundidade aos enredos paralelos. - Miguel Ramos – Ramón
O personagem de Miguel Ramos também esteve envolvido nas tensões políticas e familiares. - Sebastião Campos – Osvaldo
Parte do círculo de personagens com interesses no poder do império jornalístico. - Sérgio Galvão – Dr. Carlos
Personagem médico, com participação relevante nas partes críticas da trama. - Yara Grey – Jussara
Outro nome que ajudou a formar o núcleo de personagens importantes. - Edson Rabelo – Chico
Papel importante nas tramas de bastidores do jornal. - Diná Ribeiro – Helga
Personagem de suporte ao núcleo principal. - Renato Master – Médico
Envolvido nas reviravoltas da saúde de Lear. - Vera Paxie – Repórter
Uma das figuras do jornal que acompanhava as disputas internas. - Rogério Márcico
Parte do elenco de apoio com papel relevante. - Marcos Caruso
Atuando em um dos papéis que completam o panorama das intrigas da novela. - David José
Envolvido nos desenvolvimentos da trama central. - Vera Lima
Outro nome de suporte na história. - Carlo Briani
Mais um membro importante do elenco. - Cuberos Neto
Outro personagem que ajudou a movimentar os enredos paralelos. - Jack Militello
Atuando de forma a complementar o elenco principal. - Chica Lopes
Contribuiu para o drama familiar e as disputas de poder. - Sônia Maria da Silva
Parte do núcleo que envolvia as disputas pelo jornal. - Renê Mauro de Freitas
Personagem secundário, mas importante no desenvolvimento da trama. - Malu Renzi
Outro nome de suporte ao elenco. - Sérgio Migliaccio
Ator que trouxe profundidade a seu papel na história. - Célia Mafra
Participou de forma a contribuir com o núcleo dramático. - Sueli Aoky
Parte das intrigas que cercavam o império de Lear. - Wilma Guerreiro
Contribuiu com um papel de destaque nas partes centrais da trama. - Clarice Seabra
Outro nome relevante que ajudou a movimentar a narrativa. - Lore Likife
Parte do elenco que auxiliou a dar vida às intrigas da novela. - Maria Paula Plank
Atuando de forma a complementar o núcleo principal. - Carlos Laranjeira
Parte do elenco de suporte. - Vítor Branco
Participação importante nas reviravoltas da trama. - Paulo Roberto
Outro membro do elenco de suporte que contribuiu com a história. - Luiz Antônio
Atuando em um papel importante. - Felipe Von Rhein
Envolvido nos desdobramentos das intrigas de poder. - Gianfrancesco Guarnieri – Dr. Vitor
Delegado que investiga o assassinato de Gio, desempenhando um papel crucial no desenvolvimento da trama policial. - Karin Rodrigues – Advogada de Albano
Responsável pela defesa de Albano após as tragédias que atingem a família.
Esse elenco robusto contribuiu para fazer de Roda de Fogo uma novela memorável, apesar das dificuldades enfrentadas pela produção da TV Tupi.
Curiosidades
- Duas Roda de Fogo?
A confusão é comum, mas não, a “Roda de Fogo” da TV Tupi, de 1978, não tem qualquer relação com a “Roda de Fogo” da Globo, exibida entre 1986 e 1987. A única coincidência é a presença da atriz Eva Wilma nas duas produções, mas em papéis diferentes. - Mudança de Autoria no Meio do Caminho
A novela começou sendo escrita por Sérgio Jockyman, que se baseou em “O Rei Lear” de Shakespeare para criar a trama central. No entanto, após dois meses e meio, devido à baixa audiência e desentendimentos com a emissora, ele abandonou o projeto. Walther Negrão foi chamado para assumir a autoria a partir do capítulo 65, o que resultou em uma mudança significativa no rumo da história. Os personagens de Eva Wilma e Oswaldo Loureiro foram mortos, e a novela virou um thriller policial. - Concorrência Difícil
“Roda de Fogo” teve uma missão árdua: competir com os sucessos de audiência da Globo. Durante sua exibição, a Globo apresentava os momentos decisivos de “O Astro” e, logo em seguida, estreou o fenômeno “Dancin’ Days”. A novela da Tupi, mesmo com uma trama interessante e um elenco talentoso, não conseguiu fazer frente a esses grandes sucessos. - Saída de Atrizes
A morte da personagem de Giovana, interpretada por Eva Wilma, não foi apenas uma escolha criativa. A atriz foi escalada para protagonizar o remake de “O Direito de Nascer”, uma produção importante da Rede Tupi, o que a fez deixar “Roda de Fogo”. Beth Goulart também foi removida da novela pelo mesmo motivo.
Opinião do Elite News
Quando falamos de novelas clássicas, “Roda de Fogo” (1978) pode ser facilmente esquecida por ter sido ofuscada pelos gigantes da Globo. Mas não se engane, essa produção da Tupi trouxe uma abordagem ousada e muito à frente de seu tempo. Inspirar-se em “Rei Lear” foi um movimento corajoso, e, embora tenha enfrentado dificuldades de audiência e uma mudança de autor no meio do caminho, a novela ainda conseguiu se destacar em alguns aspectos.
A trama inicial era rica em conflitos familiares, com um toque shakespeariano de tragédia e disputa de poder. A relação entre Lear e suas filhas, especialmente o choque entre o conservadorismo e a modernidade, era um dos pontos altos. Porém, a decisão de transformar a novela em um thriller policial após a morte de Lear e Giovana pareceu desviar-se do que poderia ter sido uma análise mais profunda das relações familiares e do poder.
Walther Negrão, que assumiu a novela, é um escritor talentoso, mas as circunstâncias exigiram que ele mudasse o rumo da história, o que pode ter prejudicado a coesão da trama. Ainda assim, ele conseguiu injetar suspense e ação suficientes para manter os espectadores engajados até o final.
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Conclusão
“Roda de Fogo” (1978) foi uma novela de altos e baixos. Começou com uma proposta complexa e cheia de potencial, baseada em uma das maiores obras de Shakespeare, mas acabou se transformando em algo completamente diferente devido às circunstâncias da época. Mesmo assim, merece ser lembrada por sua ousadia e pelos talentos que passaram por seu elenco.
Se você é um entusiasta das novelas clássicas e está em busca de uma produção mais obscura para conhecer, “Roda de Fogo” é uma excelente pedida, especialmente para aqueles que apreciam enredos complexos e mistérios bem desenvolvidos. Talvez não tenha o brilho das grandes produções da época, mas é um pedaço importante da história da televisão brasileira.